
Uma pergunta delicada e dolorosa
Andrew, em Naples, Flórida, perguntou: “Pastor John Piper, suas convicções pró-vida mudam quando se trata de situações que envolvem estupro, incesto ou ameaça à vida de uma mãe?”
Obviamente, essas são perguntas difíceis, e até mesmo políticos pró-vida tropeçam nelas. Seus pontos de vista pró-vida mudam nessas circunstâncias?
Bem, são perguntas difíceis. Por “difíceis”, não quero dizer necessariamente difíceis de responder, mas difíceis de lidar e conviver com elas. São as mulheres quem suportam o maior peso nessa questão, porque o bebê está nelas — não no namorado ou no estuprador.
Quando o aborto é justificado em nome da igualdade
É por isso que é tão preocupante quando o aborto é justificado em nome da igualdade, como o ex-presidente dos Estados Unidos (no cargo em 2013) dizia repetidamente. Irrita-me que — diante das filhas — ele afirme que direitos iguais para as mulheres significam acesso ao aborto. Na verdade, o que ele quer dizer é: direitos iguais para fazer sexo fora do casamento sem enfrentar consequências maiores do que os homens, o que é horrível de ser dito, mas isso é outra questão.
O bebê não é o criminoso
Então, suponha que uma mulher seja atacada, ou que tenha ficado bêbada em uma festa, e agora esteja grávida sem desejar estar. O bebê mudará tudo em sua vida. O homem era um brutamontes, ou um manipulador. O que ela deve fazer?
Por mais difícil que seja, a resposta é: o bebê não fez nada de errado. E estamos pedindo que o bebê seja penalizado, assim como a mãe, caso haja um aborto.
Então, não! Estupro e incesto não devem ser uma justificativa para matar o bebê. O bebê não é o criminoso. O agressor precisa ser responsabilizado — não a criança.
O amor materno diante do horror
É horrível uma mulher ser estuprada e ainda sentir o fardo de uma gravidez totalmente fora de seu plano e desejo. Porém, eu recentemente li uma pesquisa com centenas de mulheres que decidiram levar a gestação até o fim — mesmo após esse tipo de situação. Praticamente nenhuma se arrependeu. Por outro lado, muitas das que abortaram relataram a dor do arrependimento.
Quando o horror do que acabou de acontecer começa a diminuir, mesmo que o bebê dentro dela tenha sido concebido de uma forma tão feia e hostil, ela ainda diz: “É meu bebê, é meu bebê”. Foi concebido por um homem com quem ela não queria ter nenhum envolvimento, mas o bebê é dela assim como seria [daquela mulher] ]se tivesse sido concebido por seu marido.
A mãe sente isso profundamente, e há algumas maneiras de seguir adiante: Pode decidir criá-lo, ou entregá-lo a uma família amorosa, por estar em uma situação em que não pode criá-lo. Isso é menos prejudicial à sua alma do que a perda da vida do bebê.
Quando a vida da mãe está em risco
E quanto à situação em que a vida da mãe está em risco por causa da gravidez?
Existem casos realmente complexos, e é preciso um médico para apontar a natureza de alguns desses riscos. Por exemplo, em uma gravidez ectópica, não é possível o bebê sobreviver porque está se desenvolvendo fora do útero. O Bebê está vivo agora, mas ele não consegue crescer nesse tipo de situação. Se deixado assim, há risco de morte para a mãe. Com a morte certa do bebê e a mãe sendo levada junto, o que fazer? Eu cederia. Não queremos perder os dois. Nesse caso, é tirar a criança de uma situação em ele não tenha chance de sobreviver e ainda pode matar a mãe no processo.
Riscos e discernimento cristão
Há também casos em que uma mulher enfrenta doenças graves, como câncer, e o médico diga: “Continuar com esta gravidez pode colocar em risco sua própria vida”. Muitas mulheres disseram — E eu penso que acertadamente — “Vou arriscar. Não quero tirar a vida do meu bebê por causa de uma possibilidade de perder a minha”. Algumas mulheres perderam a vida no parto e muitas vezes isso não aconteceu. Então, não penso que seja óbvio, que todo risco que a mãe corra justifique que a vida do bebê seja tirada.
Vou depender muito da sabedoria de medicos cristãos para me ajudar a discernir onde está essa linha entre a morte certa para a mãe e para o bebê, com todos os riscos envolvidos. É muito difícil decidir se “Isso é realmente uma sentença de morte para a mãe ou não?”
Isso nos leva ao cerne da questão acerca de riscos certos e errados. Gostaria apenas de deixar o princípio: É algo muito bonito a mãe arriscar sua vida pelo bem de seu filho, mas não penso que uma sentença de morte certa seja exigida dela.
Créditos
Tradução: Tayllon Carvalho
Publicado em Inglês no site Desiring God. Traduzido e publicado com autorização.
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