A Coluna Nos Bancos

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Coluna nos Bancos

Como a igreja é o Baluarte da Verdade

Quase toda vez que estou dirigindo e passo pela ponte I-35W próximo ao centro de Minneapolis, penso no dia em que ela desabou. Se acontecer de eu me esquecer, há monumentos de 9 metros de altura em cada extremidade para me lembrar do que aconteceu.

Eram 6:05 na noite de Quarta-feira, 1 de Agosto de 2007, no calor da hora do rush, a ponte de aço de quatro faixas altamente trafegada se rompeu e caiu a uma profundidade de 24 metros dentro do rio Mississippi. Ao todo, 111 veículos foram danificados ou até pior, 98 pessoas foram tratadas em hospitais locais e 13 morreram. Após meses de investigação, foi determinado que as placas de reforço (pequenas folhas de aço aplicada às juntas ou vigas) eram meio polegada mais fina que o necessário.

As vigas de reforço em baixo das pontes são aspectos vitais para a sustentação da estrutura, com alto risco de morte e que quase nunca pensamos a respeito a menos que falhem. Imagine quantas pessoas dirigiam sobre a ponte I-35w naquela terça-feira, um dia antes da sua queda – em média, alguns 140,000 carros – e despreocupadamente olharam para a esquerda ou direita apreciando a vista. Sabendo, posteriormente, quão facilmente poderia ter sido seu carro entre os escombros, tenho certeza de que todas elas sentiram (e continuam sentindo) a preciosidade de boas pontes e as colunas que as sustentam.

Dessa forma, meus trajetos pela nova I-35W (provavelmente uma das mais fortes e mais inspecionadas no mundo) também me ajudam a sentir a preciosidade da igreja. Como diz o apóstolo Paulo a Timóteo: 

“Escrevo estas coisas a você, esperando ir vê-lo em breve. Mas, se eu demorar, você saberá como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade.” (1Timóteo 3:14-15).

Coluna improvável

Novamente, nós provavelmente não pensamos o suficiente sobre colunas (aliás, muito menos em vigas de reforço) para ver e sentir a beleza do que Deus disse sobre a igreja quando ele a chama de “coluna e fundamento da verdade”. Apenas um capítulo antes, Paulo destaca a importância da verdade: 

“ [Deus] que deseja que todos sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e a humanidade, Cristo Jesus, homem, que deu a si mesmo em resgate por todos, testemunho que se deve dar em tempos oportunos”(1 Timóteo 2:4-6).

Deus quer que homens e mulheres em todo lugar ouçam, acreditem, e desfrutem a verdade – a verdade sobre Deus, sobre a graça, sobre a cruz. E, sob essa verdade, Ele colocou um pilar escolhido, uma coluna que Ele mesmo projetou e estruturou para esse propósito global e eterno: a igreja.

“Ele pretendia, desde o início, fazer da fraca e errante igreja o palco para sua divina homilia”

Haveria alguma coluna mais precária que essa? Teria Deus feito placas de reforço mais finas? Quando Paulo escreveu sua carta para Timóteo, a igreja tinha apenas algumas décadas de existência, e estava ameaçada em quase todas as áreas. Frágil. Pecadora. Dividida. Perseguida. Afligida. Longe da imagem de uma viga de suporte. E ainda assim Deus enxergou uma coluna confiável e até mesmo inabalável nela – porque Ele prometeu estabelecê-la e reforçá-la. Ele pretendia, desde o início, fazer da fraca e errante igreja o palco para sua divina homilía.

“A mim, o menor de todos os santos, foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo e manifestar a todos qual é a dispensação do mistério que, durante tempos passados, esteve oculto em Deus, que criou todas as coisas.E isso para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida dos principados e das potestades nas regiões celestiais”(Efésios 3:8-10)

“Pela igreja”. Deus poderia ter revelado sua sabedoria inescrutável, as riquezas de Deus e o mistério das eras através de inúmeras maneiras, mas Ele escolheu revelar a verdade através da igreja. Ao longo de todas as gerações, Deus fez a igreja – a vacilante,  falha,  dispersa, e prevalecente igreja – a detentora e mensageira da verdade.

Coluna afastada

Quão estranho e trágico é, então, quando a verdade que estamos destinados a sustentar e chamar à atenção começa a ficar em segundo plano na igreja – quando começamos a ir  por outras razões senão a verdade? Apesar disso, Paulo sabia que isso poderia acontecer, então ele alertou Timóteo na sua próxima carta:

“Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, se rodearão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas”(2Timóteo 4:3-4).

Os ouvidos já estavam coçando em sua época, e eles certamente não pararam em nossos dias. Nossa sociedade só tem nos dado mais meios do que nunca de ter nossas coceiras estimuladas – livros, podcasts, redes sociais, Youtube, e muitos outros, todos constantemente disputando por nossa atenção e devoção. Alguma vez já foi mais fácil acumular mestres para se adequar às nossas próprias paixões, desejos, e medos? Ou até vagar pelo que quer que esteja em alta (e longe da verdade)?

Isso coloca uma pressão significativa nos líderes da igreja para seguir a tendência  – construir igrejas, planejar cultos e desenvolver programas que competem com o que as pessoas amam e seguem on-line. De nossa parte [como membros], isso leva  a escolher (ou deixar) igrejas baseadas na “experiência” do domingo de manhã, ao invés de considerar se elas pregam, vivem e amam o que Deus diz. A demanda por entretenimento sutilmente escorrega da tela para os bancos da igreja, e a verdade é movida do centro de nossas vidas em comunidade para as margens.

Lembre-se, essas pressões e tentações não são novas. O apóstolo já estava alertando a igreja no primeiro século, dezenove séculos antes do primeiro Iphone. Satanás sempre guerreou para que a verdade pareça chata, inconveniente e secundária. Ele sabe quanto bem terreno e eterno uma igreja que ama a verdade pode fazer – e também quanto dano uma que negligencia ou compromete a verdade ocasiona.

Coluna Inabalável

Então se a igreja oscilar ou enfraquecer em relação à verdade, a verdade fracassará? Certamente não. As redes sociais e os vícios de entretenimento online podem ter distraído muitos de nós para com a igreja e a verdade, mas não são uma ameaça séria para qualquer um dos dois.

Lembre-se, Deus escolheu e estruturou esse pilar (não os pobres engenheiros responsáveis pela ponte I-35W). E Jesus promete que nada nem ninguém a derrubará, nem mesmo a infidelidade dentro dela: “E sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”(Mateus 16:18). Então como nos juntamos a ele para preservá-la e exaltá-la? Como nós, em nossas igrejas locais, atuamos como o pilar que somos? Nós celebramos por aquilo que aborrece os ouvidos comichões.

Deus deu a Timóteo o remédio: “Diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu Reino, peço a você com insistência que pregue a palavra, insista, quer seja oportuno, quer não, corrija, repreenda, exorte com toda a paciência e doutrina”(2Timóteo 4:1-2). O que faz da igreja uma coluna e baluarte da verdade? Ela sustenta e vive o que Deus disse — seja o que for que Deus disser, contanto que ele tenha falado isso, independente do que isso signifique para nós. J. I. Packer escreve: 

“pregação doutrinária certamente deixa os hipócritas entediados; mas é somente a pregação doutrinária que salvará as ovelhas de Cristo. O trabalho do pregador é proclamar a fé, não promover entretenimento para os descrentes — em outras palavras, alimentar as ovelhas ao invés de divertir os bodes.” (A Quest for Godliness, 285).

Igrejas fiéis buscam a palavra de Deus como a prata (provérbios 2:4). Nós meditamos nela dia e noite — não porque temos de fazê-lo, mas porque suas palavras são um rio de mantimento, contentamento, segurança e alegria (Salmos 1:2-3). Independente do que aconteça ao nosso redor, nós olhamos fixamente para a verdade — sua verdade — como uma janela, até vermos nossa realidade com Ele as vê.

A Coluna nos bancos

Deus fez da igreja o baluarte da verdade. Assim Portanto, isso cumpre seu propósito na sua vida e na vida da sua igreja?

Se você não tem certeza, você deve começar a se perguntar o que atraiu você para sua igreja atual, e o que o mantém lá. Esse tempo nessa igreja aprofundou seu entendimento e deleite na palavra de Deus? Essa é uma igreja que ama ouvir Deus na Bíblia, mesmo quando o que Ele diz é confuso, desconfortável, ou condenatório? Os encontros lidam alegremente com a verdade — ou com música, humor, e uma atmosfera que suaviza as extremidades mais duras da verdade? Sua igreja constantemente foge de crenças e versículos que o mundo odeia — sobre pecado e o inferno, sobre sexualidade, sobre casamento, sobre aborto, sobre raça e justiça, sobre a soberania de Deus e a eleição na cruz? Ou, sua igreja tem um amor manifesto e crescente pela verdade?

“Uma coluna não se ergue ou cai apenas com pregadores, mas com pessoas comuns, em bancos comuns, cheias e transbordantes da verdade.”

E, ainda mais individualmente, você está  contribuindo para o firme baluarte da sua igreja, ou não? Você é uma placa de reforço fina e instável esperando para se quebrar, ou você intencionalmente se dedica semana após semana à verdade? Como você está buscando atualmente crescer em graça e conhecimento do Senhor Jesus Cristo (2 Pedro 3:18)?

Deus fortalece a coluna da igreja construindo e fortificando igrejas individuais, e ele fortalece igrejas individuais construindo e edificando almas individuais — almas como a sua. Ele fixa cada um de nós na verdade — através da sua palavra e em comunhão com outros amantes da verdade — para que assim a igreja permaneça firme em todas as eras e circunstâncias. Uma coluna não se ergue ou cai apenas com pregadores, mas com pessoas comuns, em bancos comuns, cheias e transbordantes da verdade.

Créditos

Tradução: Mateus Miranda

Revisão: Tayllon Carvalho

Publicado em Inglês no site Desiring God. Traduzido e publicado com autorização da mesma.

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Para mais artigos do autor, acesse: Marshall Segal