O Ministério dos Bancos da Igreja

O Ministério dos Bancos da Igreja

Manhã de domingo para cristãos normais

O primeiro passo é sobreviver aos ataques coordenados das crianças. Uma mancha ex-nihilo (que surgiu do nada) aparece de repente no vestido da minha filha. Um episódio do meu filho reagindo à “ajuda” da sua irmã. Uma peça de lego de plástico bem localizada plantada estrategicamente na parte inferior dos degraus. E, claro, uma fralda bem suja no momento em que nos dirigimos para a porta.

Seguros dentro do carro, nos preparamos para poder fazer nossa parte no ministério da igreja na reunião daquele domingo. Não tenho obrigações formais essa semana – não vou pregar, receber pessoas ou fazer oração de ações de graças – mas, mesmo assim, preparo a mim mesmo e a minha família para o ministério.

O louvor começa a tocar. Ziguezagueando pela avenida principal que está tão cheia de crateras quanto a lua, chegamos ao semáforo escolhido que sinaliza o momento de orarmos pelo servir. A música para e o silêncio toma de conta do carro.

Pai, por favor, esteja conosco enquanto te adoramos em espírito e em verdade. Abençoe o pastor que vai pregar a sua palavra com poder. Nos dá ouvidos para atentar e obedecer à tua palavra. Tem misericórdia de seu povo amado. Que vejamos Cristo. Se alguém não te conhece verdadeiramente, o salva. E Senhor, nos prepara agora para sermos uma benção ao teu povo.

Depois de estacionarmos, voltamos nossas energias para cumprimentar os santos e colocar nossos filhos nos bancos.

Quando o nosso ministério começa, nós focamos nas letras que estão sendo entoadas, pedindo a Deus que aqueça os nossos corações e de todos aqueles que nos rodeiam. Os meus dois filhos mais velhos, imitando os pais, erguem suas mãos. Nós o louvamos com todo o nosso ser. “Senhor, aceita nosso louvor mediante seu Filho. Perdoa nossa frieza e distrações”.

À medida que a adoração continua, minha esposa e eu vemos alguns rostos novos, outros que não temos visto há algum tempo e outros pelos quais temos orado. Marcamos as pessoas com quem queremos conversar após o servir.

O pregador logo sobe ao púlpito. “Oh Deus, dá-nos amor por sua glória, amor por seu povo e amor por sua palavra. Abençoa-o para pregar como alguém que está falando seus oráculos. Fala conosco através desse homem”.

Após a pregação, o cântico final e a bênção serem dados, olhamos em volta — uma parte importante de nosso ministério começa. “Senhor, com quem você quer que falemos, encorajemos, demos boas vinda à igreja, oremos e confrontemos? Como Tu planejas nos usar para abençoar aqueles que nos rodeiam nos bancos da igreja essa semana?“.

A Minha Igreja Precisa de Mim?

Aqui está o ponto principal, a verdade que pode revolucionar sua caminhada com o Senhor e sua experiência na igreja local: Se você conhece e ama o Senhor Jesus Cristo, você tem algo a contribuir na sua igreja local todos os domingos de manhã.

Você crê nisso? Você vem apenas para receber – apesar que você deva vir para isso – ou também para abençoar?

“Se você conhece e ama o Senhor Jesus Cristo, você tem algo a contribuir na sua igreja local todos os domingos de manhã.”

Tem sido difícil para cristãos “normais” acreditarem nisso desde o início. Na igreja primitiva, os membros olhavam ao redor nas igrejas domésticas em Corinto e viam diferentes utilidades no Senhor, diferentes dons. Alguns pareciam mais essenciais e outros mais dispensáveis.

Respondendo a tal pensamento, Paulo escreve: “Os olhos não podem dizer à mão: ‘Não precisamos de você’. E a cabeça não pode dizer aos pés: ‘Não preciso de vocês’. Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários,”(1 Coríntios 12:21–22).

Necessários.

Em muitas igrejas hoje, os pés, mãos e ouvidos tem dito a si mesmos: “Porque não sou olho, não pertenço ao corpo” (1 Coríntios 12:16) — porque não pregamos, ensinamos ou dirigimos pequenos grupos — não somos necessários. As mãos aparecem aos domingos, apáticas, apenas para ouvir a boca falar. Elas descansam na plateia, tratando a igreja local como um teatro que recebe expectadores para assistir santos mais proeminentes fazerem um verdadeiro ministério.

Você não está liderando a adoração, não está formalmente recebendo os irmãos, orando no culto, nem servindo a ceia. Você não está como porteiro, servindo no berçário ou liderando o ministério de mulheres. Qual é realmente seu papel? Tudo, você pensa, correria tão bem sem você.

Espero, cristãos regulares, que isso liberte você da passividade e do relativo anonimato nos domingos de manhã: Deus tem um papel vital para você desempenhar toda vez que a igreja local se reune.

Ministério dos Bancos

Posso te apresentar ao que outros chamaram de Ministério dos bancos de igreja? Ministério que vocês — cristãos regulares — realizam todos os dias do Senhor. Esse é o ministério dos que Não-Estão-Na-Frente, o exército sentado diante do púlpito.

“Alguns dos melhores ministérios em igrejas saudáveis acontecem por aqueles que nunca seguraram um microfone”.

Por anos, eu não tive nenhuma noção disso. Posso trazer pessoas à igreja, ao ministério do meu pastor. Porém, com o tempo, descobri que o ministério do meu pastor não substitui o meu, mas refina. Torna o nosso ministério melhor e mais eficaz. Seu pastor prepara você para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo até o estado de pessoa madura (Efésios 4:12-13). Este ministério encontra alguma expressão nas manhãs de domingo enquanto você serve, prepara e exercita seus próprios dons e atos de amor dentro da comunidade local. Grande parte do melhor ministério em igrejas saudáveis acontecem por aqueles que nunca seguraram um microfone.

Então, como funciona esse ministério? As possibilidades são infinitas, mas aqui estão alguns princípios para você começar.

1. Chegue cedo, fique até mais tarde.

Considere como o autor de Hebreus descreve a alternativa de não se reunir aos domingos:

“Cuidemos também de nos animar uns aos outros no amor e na prática de boas obras. Não deixemos de nos congregar, como é costume de alguns. Pelo contrário, façamos admoestações, ainda mais agora que vocês veem que o Dia se aproxima”(Hebreus 10:24-25).

O oposto de negligenciar a reunião comunitária não é apenas tecnicamente ir a igreja – entrando sorrateiramente pelos fundos e saindo rápido no último amém. Deixar de congregar implica não apenas uma falta de contato mas também de encorajamento. O autor presume que congregar vai estimular uns aos outros ao amor e às boas obras, não apenas o pastor me estimulando. Você me estimulando e eu te estimulando. Ou, em resumo, encorajamos uns aos outros ao vermos o Dia se aproximar.

Como podemos fazer isso se evitamos conversar com o povo de Deus? Como podemos encorajar uns aos outros se chegarmos atrasados e sairmos mais cedo? Considere criar um espaço para que a comunhão pós culto se torne em um almoço. Não faz muito tempo, muitas igrejas consideravam o “dia do Senhor” (Apocalipse 1:10) como realmente o dia do Senhor. Todo o dia é do Senhor. O tempo junto aos santos é imperativo para o ministério dos bancos.

2. Ore por o fardo de alguém

Mas não fique apenas próximo ao bebedouro da igreja.

Fique atento ao membro com quem você não conversou muito. Fique atento ao novo rosto, visto entre os bancos, sem ninguém com quem conversar. Ore ao Senhor para que lhe dê o fardo de alguém na congregação – e então tome coragem e vá falar com eles.

E se for estranho? Lembre-se de seu Salvador. O Filho de Deus assumiu a carne humana, permitiu que ela fosse açoitada, ferida, torturada, enquanto sua alma bebia as partes mais amargas da ira de seu Pai enquanto Ele considerava nossos interesses acima dos seus. Devemos ter isso em mente. Não podemos arriscar nos apresentar a outros, ou perder parte daquele jogo de futebol para ter uma conversa real com alguém?

Uma coisa que tive que aprender foi não evitar o contato visual com as pessoas por medo de uma conversa. O amor olha as pessoas nos olhos e convida ao diálogo. Prepare-se para essas conversas. Chegue com um versículo para compartilhar com alguém. Chegue com a intenção de sair com o pedido de oração de uma pessoa. Não saia até conhecer alguém novo. Um querido santo em nossa igreja assa pão de banana e o distribui todos os domingos para um novo convidado. Seja criativo.

3. Arrisque-se tendo conversas reais

Uma vez que você começa a conversar com alguém novo ou um membro que você não conhece bem, ou alguém que você já conhece, mas pretende encorajá-lo, assuma riscos no bate-papo. Em vez de apenas discutir os planos da tarde, como tem estado o tempo ultimamente ou se eles estão gostando do trabalho, direcione a conversa para águas mais profundas.

Em muitas conversas, chego ao ponto em que me pergunto: Vamos realmente conversar? Vamos levar as coisas a um nível mais profundo, mais próximo do coração?

Vamos falar sobre o sermão? Vamos compartilhar sobre como podemos orar pelas famílias uns dos outros? Falaremos sobre nosso glorioso Cristo? Ou talvez precisemos arriscar perguntar por que não os vimos muito recentemente.

Uma maneira de tentar me afastar das águas rasas é responder às perguntas de forma mais honesta. Como eu estou? Posso dizer a eles que estou muito bem e agradecê-los por perguntarem. Ou posso confessar que tenho estado cansado e irritado com meus filhos ultimamente. Se aplicável, como eles cresceram em paciência ao longo do tempo como pais?

Na conversa, o profundo geralmente chama o profundo. Compartilhe com discrição, mas convide à profundidade. Mostre mais do seu coração, das suas vitórias, das suas lutas. Isso frequentemente libera os outros a fazerem o mesmo. Descobri que normalmente só é preciso alguém dar o primeiro passo.

Traga o seu feijão cozido

Essa visão do ministério de bancos, por mais breve que seja aqui, exige intencionalidade. É preciso esforço. Requer oração. Exige riscos e também sacrifica o caminho mais fácil de: venha, cante, ouça, saia. As recompensas valem muito a pena. Algumas das minhas amizades mais preciosas navegaram pelo estreito canal da decisão: Devo pedir ajuda ao Senhor? Devo ficar por aqui? Devo ir até lá e falar com ele? Devo cavar mais fundo? Descobri que, do outro lado, havia um oceano nunca desfrutado pelos relutantes.

Se você está Cristo, você tem um papel indispensável em cada reunião. Recuse-se a simplesmente encaixar a igreja na sua agenda. Recuse-se a ser anônimo. Recuse-se a não trazer nada para esta festa espiritual simplesmente porque você não está trazendo o prato principal. Traga os seus feijões cozidos, as suas couves de Bruxelas sicilianas, os seus espargos de mel e limão. Você nunca sabe como Deus pode usar o que você traz para satisfazer, sustentar ou mesmo salvar uma alma neste domingo.

Créditos

Tradução: Tayllon Carvalho

Revisão: Kennedy Souza

Publicado em Inglês no site Desiring God. Traduzido e publicado com autorização.

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