O que é Expiação Definida? Por que isso importa?

O que é Expiação Definida? Por que isso importa?
Pergunte ao Pastor John Piper #23

Pastor John, você tem um capítulo no livro “Do céu Cristo veio buscá-la: A expiação definida na perspectiva histórica, bíblica, teológica e pastoral“. Eu estava pensando se você poderia apresentar a expiação definida, explicar por que é tão importante e o que está em jogo para a igreja.

É importante. Às vezes é chamada de expiação “limitada”, o que é uma nomeação lamentável, porque parece minimizar ou diminuir a obra da expiação. Na verdade, o que estamos defendendo não é algo menor do que os outros creem, mas algo maior. Aqui está o que quero dizer: A Bíblia fala sobre Deus amar o mundo (João 3:16). E ele fala sobre Cristo ser o “Salvador de todos, especialmente dos que creem” (1 Timóteo 4:10).

Nessa pequena frase, o que quero dizer é: Em certo sentido, Cristo morre por todos, mas não da mesma forma. Quando digo que morre por todos, queremos dizer que ele morre de tal maneira que sua morte pode ser oferecida a todos sem exceção e dito a eles sem escrúpulos: “Aqui está o Cristo. Eu ofereço Cristo a vocês. Se você crer em Cristo, é seu. Tudo o que Ele comprou do Pai para a vida eterna foi para vocês, se o quiserem”. A expressão “Se o quiserem”, nos permite pregar o evangelho indiscriminadamente a cada pessoa nesse planeta e dizer: “Essa morte cobrirá os seus pecados, se você crer nela”(Rm 4:17; 10:10).

Para aqueles que afirmam a expiação definitiva, cremos que há mais — e não menos — expresso na obra da expiação [do que a oportunidade de pregação indiscriminada]. Deus tinha uma intenção ou desígnio definido na expiação. “Cristo amou a igreja e se entregou por ela” (Efésios 5:25), mostrando que Ele tem um amor especial pela Igreja, um desígnio especial na entrega de seu Filho pela Igreja. Deus tinha a Igreja em vista de uma maneira especial quando morreu.

Compra Efetiva da Nova Aliança

Aqui está o que me convence na expiação definitiva: Na nova aliança, Jeremias 31, Ezequiel 11 e 36 dizem que Deus tirará o coração de pedra e colocará um coração de carne. Ele nos dará um novo espírito. Ele escreverá a lei no nosso coração. E então Jesus levanta o cálice na última ceia, em Lucas 22:20, e diz: “Este cálice” — significando este sangue, esta morte — “é a nova aliança no meu sangue derramado por vocês”.

“A Igreja deve sentir o amor de Deus, não de forma genérica, mas da maneira pactual com que Ele realmente ama sua noiva.”

Portanto, o sangue de Cristo faz para nós a compra dos benefícios da nova aliança. E os seus benefícios não são meramente ofertar¹ a salvação. A nova aliança é precisamente a efetivação da salvação e a preservação daqueles que são salvos, tirando o coração de pedra, colocando o coração de carne e escrevendo a lei em nossos corações.

Então, quando falamos sobre o novo nascimento ou quando falamos sobre Efésios 2:5, que ele nos deu vida juntamente com Cristo, esse ato de misericórdia, eu defendo, foi comprado pelo sangue de Cristo para mim. Bom, se meu novo nascimento, a remoção do coração de pedra e o recebimento do coração de carne foram comprados por mim na realização da nova aliança pelo sangue de Jesus, então a obra expiatória foi o que me salvou. Não apenas me ofereceu a salvação Isso não apenas me tornou aceitável diante de Deus². Na verdade, me resgatou. Me mudou. Deu-me o dom da fé.

É dito em 2 Timóteo 2:25, “se, porventura, Deus lhes dará arrependimento”. Então, se eu tenho arrependimento, Deus me deu, e esse dom da fé e arrependimento de acordo com Efésios 2:8 é algo que o sangue de Cristo comprou por mim. Eu não merecia esse presente. Ele comprou para mim, o que significa que Ele faz isso unicamente para os eleitos, para a noiva de Cristo.

Onde a Expiação Definida ganha forma

Aqui estão algumas implicações práticas. Uma é que eu almejo que a Igreja se sinta amada por Cristo da maneira pactual que Ele realmente ama sua noiva. Ele amou sua noiva, foi até ela, a comprou e a trouxe para casa, para si mesmo. Portanto, não nos sentimos amados de forma genérica, como se fôssemos amados da mesma forma que as pessoas que estão no inferno ou vão para o inferno. Somos amados de uma maneira pactual na qual Deus irá nos buscar, romper nossa rebelião, fazer com que sejamos d’Ele, nos embelezar para seu filho e fixar seu coração em nós. E sabemos disso porque Ele colocou a fé em nossos corações para abraçá-lo.

“O sangue de Cristo compra para nós o novo nascimento, um coração de carne, a salvação – não apenas a oferta dessas coisas.”

Outra implicação é que, se ele me tirou das trevas para a luz, da morte para a vida, em virtude de sua obra expiatória, então Ele vai me manter. Penso que Romanos 8:32 funciona exatamente dessa forma. Diz: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, mas por todos nós o entregou” — e no contexto de Romanos 8, “todos nós” significa os eleitos — “será que não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?”

Em outras palavras, se Deus morreu por nós, ele não nos guardará para sempre? A única maneira pela qual esse argumento funciona é que a morte de Cristo por nós assegura a seu povo uma vida eterna que inclui todas as bênçãos da nova aliança. Portanto, na prática, é realmente precioso para as pessoas se esforcem para compreender o amor de Cristo pelos seus.

Nota do Tradutor 1: No contexto brasileiro, usa-se muito a expressão Tornar a salvação possível // Possibilitar a salvação

Nota do Tradutor 2: Não apenas possibilitou a salvação. Não apenas tornou possível eu ir diante de Deus. Não apenas Criou um Oásis em meio ao deserto para tornar possível que eu contemplasse, mas efetivamente me lançou nesse rio de graça

Créditos

Tradução: Tayllon Carvalho

Publicado em Inglês no site Desiring God. Traduzido e publicado com autorização.

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