Pastor John, no último podcast, você falou sobre a importância da historicidade de Adão na igreja local, especificamente. Neste episódio, quero seguir o raciocínio e perguntar sobre Adão em relação às missões globais. Por que a historicidade de Adão é importante para os missionários?
Quando eu estava pregando Romanos há mais de dez anos, cheguei ao capítulo cinco, e nunca tinha pensado antes daquele tempo o quão incrivelmente relevante Romanos 5:12-21 é missiologicamente. Começa assim: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado veio a morte, assim também a morte passou a toda a humanidade, porque todos pecaram.” E então ele passa a comparar Adão e Cristo como os cabeças de duas humanidades diferentes. Todos nós estamos em Adão porque ele é o nosso cabeça. E aqueles de nós que recebem a graça que está em Cristo Jesus estão n’Ele e, portanto, Ele é nosso novo cabeça, criando uma nova humanidade.
“Se você se recusa a acreditar em um Adão histórico, você está renunciando a uma ferramenta preciosa e poderosa para missões globais.”
O que isso disse pra mim foi: cada tribo, cada grupo de pessoas pelo mundo – milhares delas – se você for a cada uma delas, aprender seu idioma, sua cultura e encontrar uma maneira de se comunicar com elas, você nunca precisará temer que a mensagem que você traz é algo irrelevante para eles em suas culturas. Porque você pode pregar isso a eles: houve um ser humano original do qual todos nós viemos. Essa é a maneira que Paulo aborda em Atos 17. E seu problema é exatamente igual ao meu, porque seu tatara-tatara-tatara-tatara-tatara-tataravô se rebelou contra o Deus criador, caiu em pecado e tem sido inclinado contra esse Deus desde então. E Deus enviou seu filho, Jesus Cristo, ao mundo para que essa desobediência pudesse ser solucionada através de sua perfeita obediência e através da morte pelo qual ele cobre todos os pecados.
Uma ponte para missões em um pai comum
Essa estrutura de pensamento — condenação por meio de Adão e justificação por meio de Cristo — não é limitada a fatores culturais. Você pode ter de encontrar palavras para dizê-la, mas a realidade em si é universal. É por isso que esse ensinamento é tão incrivelmente relevante para as missões, porque as missões estão lidando com: “Como podemos apresentar boas novas a pessoas que não sabem nada?” Eles não sabem nada sobre a história do cristianismo, mas podemos enraizar essa história no pai original deles e nosso, e no Filho de Deus vindo ao mundo e carregando a culpa de nosso pai comum. Assim, isso cruza culturas de uma forma extraordinária.
Tudo isso significa que, quando os missionários se preparam para onde quer que estejam indo, seu foco não deve ser meramente em linguística, antropologia e cultura. Há tanta ênfase hoje em acreditar que nosso sucesso dependerá de sermos experientes o suficiente em todas essas dimensões missiológicas. Essas coisas são importantes. Não quero minimizá-los, mas a teologia e a compreensão das Escrituras — em particular Romanos 5, como acabamos de falar — são realmente cruciais.
“O Adão histórico evita qualquer medo de que o evangelho seja de alguma forma irrelevante para outras culturas.”
Portanto, os missionários devem ser pessoas que realmente se preocupam com esse tipo de teologia bíblica. Quando eles agarrarem o que a Bíblia realmente diz, eles se descobrirão incrivelmente capazes de tocar a própria natureza das pessoas de quem estão falando, porque a Bíblia está profundamente enraizada no que é real e no que é verdadeiro. E isso se aplica não apenas à questão de Adão e justificação, mas a muitas questões. Nunca será irrelevante dedicar-se ao estudo das Escrituras, bem como a todas as dimensões culturais da preparação.
Créditos
Tradução: Tayllon Carvalho
Revisão: Kennedy Souza
Edição: Fabiana Lima
Publicado em Inglês no site Desiring God. Traduzido e publicado com autorização.
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