Estamos saindo de nossa conferência nacional dedicada à vida e ao legado de C. S. Lewis, que morreu há cinquenta anos nesse outono. Quando você pensa em celebrar um cara como Lewis, também deve estar ciente das falhas e fraquezas de Lewis, que foram apresentadas na conferência – há celebração e crítica. Pastor John, você processou isso, especialmente a crítica, ao longo da conferência?
Uma das grandes e recorrentes perguntas na conferência — algumas vezes nos bastidores, outras no painel — foi, Por que podemos nos beneficiar? Por que eu me beneficio tanto de Lewis quando ele é tão defeituoso em algumas doutrinas importantes? Ele nunca se viu como um defensor de qualquer tribo como da minha pequena tribo reformada. Ele não teria pensado em si mesmo dessa maneira.
Seis maneiras pelas quais C. S. Lewis ajuda os crentes hoje
Tivemos que tentar responder a essa pergunta: “O que há em Lewis que é diferente de pessoas que apresentam alguma visão defeituosa e que não o teríamos em uma conferência, mas ainda assim, estamos dedicando toda uma conferência a ele? Isso pode parecer uma contradição para algumas pessoas. E aqui estão alguns dos pensamentos que tive, que surgiram de algumas dessas conversas sobre o que há em Lewis.
1. Lewis não é um dinossauro vivo.
Para ser honesto, o número um é provavelmente porque ele está morto. Não quero passar por cima disso e ignorar. Estou certo de que isso tem um efeito. Não tenho certeza do que faríamos com Lewis como um dinossauro vivo, como ele mesmo se autodenominava.
Mas penso que o fato dele estar morto é o menos significativo para responder a essas perguntas, embora eu não queira minimizá-lo. Seu legado foi deixado. Ele não está mudando nada. Ele está em seus livros. Podemos lidar com ele à distância. Não temos que lidar com uma pessoa real. Então ele está morto, mas não acho que isso seja o principal.
2. Lewis sempre se moveu em direção à ortodoxia.
Ele se converteu do ateísmo à ortodoxia e passou toda a sua vida em direção a um cristianismo cada vez mais robusto. Ele nunca se afastou disso. A maioria das pessoas hoje que compartilham alguns de seus erros – seja na visão sobre as Escrituras ou que pessoas podem ser salvas sem o conhecimento do evangelho de Cristo – são fundamentalistas ou evangélicos, e estão se afastando. Dá pra perceber. Algo aconteceu em suas vidas de forma a desiludi-los com uma pessoa, relacionamento ou uma congregação, e eles estão se afastando. Esse não é um guia muito seguro ou confiável.
Lewis tinha um instinto diferente. Sua trajetória e seus instintos eram em direção à ortodoxia e às Escrituras, e ele abraçou o que a igreja tem sempre ensinado. Ele não estava se tornando um fundamentalista desiludido como muitos dos professores rebeldes de hoje.
3. Lewis cria na doutrina reformada da Salvação.
Ele era ortodoxo sobre os compromissos centrais da divindade de Cristo, trindade, morte de Cristo como substituto dos pecados e o caminho da salvação somente pela fé. Lewis não fez cruzada pela soteriologia reformada, mas Doug Wilson apresentou um argumento bastante forte de que ele acreditava nisso. Peguei da palestra de Doug que a melhor evidência à primeira vista é que ele era um membro decidido na comunhão anglicana. Os trinta e nove artigos, contra os quais ele nunca disse uma palavra, são reformados em sua soteriologia, e ele estava em casa alí. Ele era um anglicano ortodoxo honesto.
E quando ele escreveu sobre a fé dos puritanos em sua História da Literatura Inglesa de Oxford, foi com ardente admiração que eles foram rejeitados pela igreja romana porque eram simplesmente empolgantes demais. O que os deixou tão empolgados foi, como disse Lutero, que eles caminharam através dos portões para o paraíso quando descobriram a justificação somente pela fé.
Então, eu penso que Lewis é muito sólido no centro de sua soteriologia, embora não quisesse entrar no campo de ninguém.
4. Lewis levava a sério o pensamento racional.
Outra razão pela qual acho que sou ajudado por Lewis e não ameaçado por ele é que ele era totalmente dedicado a ser racional. Ele acreditava na razão — na lei da não contradição, na importância da verdade proposicional, da clareza cristalina e de ser totalmente honesto e direto. A maioria das pessoas com quem me frustro hoje, que estão se afastando da ortodoxia, são escorregadias. Eles desmerecem a verdade proposicional. Eles quase zombam-na. Eles reviram os olhos para isso de uma maneira que Lewis nunca, nunca fez. Eles não se comparam à alegria de Lewis ou à sua racionalidade.
E assim, ele foi totalmente exemplar nisso e, portanto, me sinto seguro perto de Lewis. Ele nunca está manipulando nada. Ele nunca brinca com as palavras. Ele ama a clareza, porque era puro e honesto na maneira como se comunicava.
5. Lewis se empenhou em salvar almas.
Ele realmente acreditava no céu, no inferno, achava que as pessoas estavam indo para lá e que o mais sofisticado professor de Oxford deveria tentar resgatar os que perecem.
Quando leio suas declarações sobre dedicar todos os esforços para salvar almas, ele se distancia de muitos cristãos desiludidos hoje que estão enganando as pessoas porque perderam a confiança no poder do evangelho para salvar almas. Eles nem gostam mais de usar essa linguagem. E C.S. Lewis disse que esse é o principal negócio da vida.
6. Lewis praticou uma alegria séria.
E talvez a última coisa seria que Lewis era seriamente alegre, não arrogantemente inteligente. Hoje estou cansado de tantas pessoas tentando ser inteligentes. Muitos são desinteressados em doutrina, afastando-se da verdade e fazendo isso com uma espécie de esperteza e astúcia arrogantes, e Lewis não tinha nada disso. Ele era totalmente sério e alegre ao mesmo tempo.
Então, essas são algumas das coisas que me fazem sentir que ele é uma pessoa notavelmente útil, apesar de sua hesitação doutrinária em certas áreas. Ele não me parece ser sutilmente perigoso como algumas pessoas. O que você vê é o que realmente está ali, e em todos esses aspectos ele é realmente útil.
Créditos
Tradução: Tayllon Carvalho
Revisão: Kennedy Souza
Publicado em Inglês no site Desiring God. Traduzido e publicado com autorização.
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