Quão importante é a influência de um escritor cristão?

Pergunte ao Pastor John #3

Pastor John Piper, como alguém que gosta de escrever, estou interessado em ouvir seus pensamentos sobre a influência de um escritor – como ele ou ela envolvem um leitor com a palavra escrita. E vi que você encorajou fortemente escritores a apreciarem melhor a influência que eles podem ter nesses leitores. Explique isso pra nós. Explique a importância da influência de um escritor.

Eu tweetei recentemente que se você não ora para que o que você escreve influencie pessoas, é por causa que você não crê no que diz e pensa que não importa ou é porque você pensa que as pessoas não se importam?

“É errado não querer influenciar as pessoas quando se escreve.”

Isso significa que acho errado não querer influenciar as pessoas quando se escreve. Paulo disse: “Façam todas as coisas com amor” (1 Coríntios 16:14), e ele disse: “Façam tudo para a glória de Deus” (1Coríntios 10:31). Então, quando estamos escrevendo, ou estamos amando as pessoas ou não estamos – e devemos buscar amar as pessoas. E ou estamos buscando glorificar a Deus ou não estamos – e devemos buscar glorificar a Deus.

Eu penso que a maneira que você ama as pessoas é influenciando, convencendo, conquistando e despertando elas para se deleitarem em Deus acima de todas as coisas. Isso significa que sempre que você escreve, você deve estar escrevendo de forma a fazer Deus parecer melhor que qualquer outra coisa no mundo, a fazer o caminho do pecado parecer pior do que qualquer outra coisa no mundo e a fazer o caminho da justiça parecer belo apesar de todas as dificuldades que ele possa trazer.

Portanto, se você está escrevendo uma ficção, blog, poema, livro ou um tratado teológico, parece-me que o amor e a glória de Deus ditam que você não pode ser indiferente sobre as pessoas serem influenciadas por sua escrita. Você quer que elas tenham pensamentos verdadeiros sobre Deus e a vida, e quer que eles sintam afeições apropriadas por Deus, o pecado e a vida. E assim, escrever é simplesmente uma extensão da vida, e toda a vida deve ser vivida em amor pelas pessoas e para a glória de Deus.

E quando começa com isso, então você tem pensamentos retroativos de outras questões: “O que isso significa para os tipos de palavras que uso? Os tipos de frases que eu uso? Os parágrafos que eu uso? O tamanho das coisas que escrevo? As ilustrações culturais que eu emprego?” E você começa a pensar em todas as implicações da escrita. E tudo isso começa com a suposição que estou no planeta para influenciar pessoas.

Escrever com os leitores em mente

Pastor John Piper, quando você escreve – ao olhar para a tela do seu computador – você está consciente de seus leitores naquele momento, de como está tentando influenciá-los?

Essa é uma pergunta muito boa. Certa vez ouvi alguém dizendo, quando foi perguntado, “Para quem você escreve?” que “Eu escrevo para pessoas como eu”. Eu não sou um bom exemplo de alguém que consegue se colocar na pele de um grupo etário ou segmento cultural específico. O que eu sinto que Deus me presenteou é ser capaz de me colocar na pele de um humano. E a maneira que principalmente conheci os humanos foi conhecendo o John Piper – meus pecados, minhas preocupações e meus anseios. Eu sou tão introspectivamente motivado por essas coisas e tão questionador sobre tudo que eu faço que acho que cheguei a conhecer esse humano muito bem. E então procuro ler e observar, tendo consciência dos efeitos do que escrevo.

“Escrever é um exercício devocional pelo qual estou sempre buscando ver e sentir”.

Portanto, geralmente não estou dizendo “Esse segmento de pessoas – digamos de 18 a 25 anos  – pensa dessa maneira. Então eu vou dizer isso”. Minha mente simplesmente não funciona assim. Mas, enquanto escrevo, sinto que: “Se eu disser dessa maneira, vai ser desagradável/desanimador. Se eu disser dessa outra maneira, será aceitável mas não terá nenhum impacto.” Eu tenho que encontrar uma maneira entre o desagradável/desanimador e o insípido que penetre o coração.

Nesse ponto, estou pensando muito sobre como minha escrita soará. É só que eu não costumo categorizar o público. Eu provavelmente estou fazendo isso intuitivamente: Se eu estivesse escrevendo explicitamente para pessoas que nunca ouviram falar de Jesus – bem, eu claramente escreveria diferente do que se eu tivesse escrevendo para alguém que já tivesse ouvido. Assim, eu tenho audiências genéricas com alguns pressupostos em minha mente, mas eu não sou muito bom para focar em grupos particulares.

Escrevendo para Ver e Sentir

Quanto da sua escrita realmente resulta em edificação pessoal?

Tudo. Para mim, escrever é um exercício devocional ou intelectual pelo qual estou sempre buscando ver o que estou dizendo e sentir o que estou escrevendo. É por isso que eu escreveria mesmo sem necessidade de alguma publicação. Se o Senhor dissesse: “Chega de publicar”, meu Deus, eu continuaria escrevendo mesmo que não fosse para publicação! Se Ele dissesse, “Eu não vou deixar ninguém ler nada que você escreve pelo resto de sua vida”, mesmo assim não pararia de escrever. Eu apenas escreveria, colocava em um caderno e jogava numa cesta em algum lugar. Porque escrever, para mim, tornou-se uma maneira de ver e sentir.

Escrever é simplesmente uma extensão da vida, e toda a vida deve ser vivida em amor pelas pessoas e para a glória de Deus.

Então, minha resposta é, “Estou sempre escrevendo para minha própria edificação, meu próprio crescimento em conhecimento e meu próprio despertar para os tipos de afeições que eu penso que devo ter por Deus”. É simplesmente impressionante pra mim – as pessoas vem até mim dizendo, “Estou preso em minhas devoções”. E tenho recomendado, “Bem, apenas escreva o texto. Comece por aí. Basta escrever o texto e, enquanto escreve, se tiver uma ideia, escreva-a também. Mas apenas escreva o texto.” Porque para algumas pessoas, colocar as coisas no papel – seja com uma caneta ou com um computador – faz com que os pensamentos realmente aconteçam como não aconteceria de outra forma.

Geralmente, nem “tenho” pensamentos até escrevê-los. Minha cabeça costuma ficar muito confusa até eu começar a escrever. Alguns dias atrás, quando eu estava pensando sobre as implicações pastorais do Adão histórico para alguém que escreveu pra mim, tudo estava uma confusão em minha cabeça. Eu não tinha ideia do que diria. E assim que comecei a escrever, oito ideias me vieram à mente. Porque enquanto escrevia um, vi uma implicação, e essa poderia ser outra. Então eu vi duas outras implicações, e surgiram outras perguntas, então eu tive que responder a essas e isso me deu mais. E isso tudo não estava acontecendo até eu colocar a caneta no papel.

Créditos

Tradução: Tayllon Carvalho

Revisão: Kennedy Souza

Publicado em Inglês no site Desiring God. Traduzido e publicado com autorização.

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