Uma Santa Conspiração pela Alegria

O Coração de Pastores e Igrejas Saudáveis

Dinheiro e alegria. Em todas as passagens do novo testamento que falam sobre liderança cristã, esses são os dois temas mais repetidos. E podemos vê-los como dois lados de uma moeda motivacional. Isto é, que lucro os pastores/presbíteros devem buscar (e não buscar) para serem e permanecerem como líderes da igreja local? O motivo pelo qual os pastores servem é realmente importante.

O que faz um pastor feliz?

O apóstolo Paulo trabalhou com as próprias mãos, fazendo e consertando tendas — o que fez dele um bom homem para defender a “dupla honra” (respeito e remuneração) para pastores/líderes que se entregam à igreja-trabalho como sua vocação de sustento. Entretanto, por mais necessário e bom que seja para pastores-funcionários receberem pagamento, Paulo não gostaria de ter homens gananciosos (remunerados ou não) no ofício pastoral ou diaconal. Não avarento, ele especifica em 1 Timóteo 3:3 (Na King James, é dito: não cobiçoso de lucro desonesto). Para os diáconos, em 1 Timóteo 3:8: “não gananciosos”.

Da mesma forma, o capítulo final de Hebreus une perfeitamente o verso “Que a vida de vocês seja isenta de avareza” (Hebreus 13:5) para “Lembrem-se dos seus líderes” (Hebreus 13:7) e isso não os surpreende. Um deve andar de mãos dadas com o outro – como eles o fazem bem no coração da passagem de Pedro para os presbíteros: “Que pastoreiem o rebanho de Deus que há entre vocês, não por obrigação, mas espontaneamente, como Deus quer; não por ganância, mas de boa vontade“(1 Pedro 5:2). Os apóstolos queriam que falássemos, em uma só voz, de vidas livres do amor ao dinheiro e de líderes da igreja local que exemplificam esse estilo de vida.

O outro lado da moeda, então, é a motivação positiva: alegria. Paulo começa 1 Timóteo 3 não com uma tolerância, mas exigindo a santa busca pela alegria no ministério: “Fiel é a palavra: se alguém deseja o episcopado, excelente obra almeja” (1 Timóteo 3:1). Pastores-Líderes devem desejar o episcopado, isto é, aspirar, querer, almejar, antecipando que isso, de alguma forma importante, os fará felizes. Eles não devem ter seus braços dobrados para servir, mas genuinamente desejar tal obra de coração – como Pedro diz, “não por obrigação, mas espontaneamente“. Mesmo que os futuros líderes da igreja ouçam (podem até ter observado ou vivenciado) que essa linha de trabalho pode ser especialmente desgastante emocional e espiritualmente, seu desejo e aspiração enraizados pela obra parecem não abalá-los. Eles desejam isso, por causa da alegria e para a alegria.

Ganho que combina com o trabalho

Pedro sucintamente captura os dois lados da moeda da nossa motivação (não o dinheiro, mas a alegria): “Não por ganância, mas de boa vontade“. Observe que ele não diz “Não por lucro“. Em vez disso, ele diz “Não por ganância“, o que significa que há um ganho permitido que não é pecado. E, na verdade, ele exige isso. “De boa vontade” presume alguma motivação para lucro – apenas que esse lucro não é pecaminoso.

Os benefícios que provêm do trabalho são os lucros honráveis do ministério cristão“.

O que, então, poderia ser um lucro honrável na liderança cristã? Não seria certo excluir qualquer remuneração financeira (o que exigiria ignorar o caso de Paulo). Mas estaríamos corretos em excluir o dinheiro como uma motivação norteadora. Que lucro, então, os pastores devem buscar? Podemos dizer assim: Os benefícios que provém do trabalho são os lucros honráveis do ministério cristão. Ou podemos dizer: o lucro é proporcional ao trabalho. Podemos perguntar a um pastor atuante ou em potencial, “você tem alegria na obra e recebe alegria da obra que fortalece a obra em si? Ou o lucro que você busca na obra do ministério cristão o afastam dela?”

Em outras palavras, o lucro que você busca no ministério está no bem do rebanho ou à parte dele?

Alegria, não gemendo

Hebreus é particularmente impressionante na medida em que você coloca a busca pela alegria no centro do trabalho dos pastores, tanto para os pastores quanto para seu povo. Dirigindo-se à congregação, Hebreus 13:17 diz:

“Obedeçam aos seus líderes e sejam submissos a eles, pois zelam pela alma de vocês, como quem deve prestar contas. Que eles possam fazer isto com alegria e não gemendo; do contrário, isso não trará proveito nenhum para vocês.”

Nas igrejas mais saudáveis, os pastores-líderes almejam o episcopado e fazem isso de bom grado e com boa vontade (1Pe 5:2) e (agora acrescentamos) o povo faz sua parte para “que eles possam fazer isto [trabalhar] com alegria“. O que contribui para uma espécie de santa conspiração pela alegria em três estágios críticos.

1. O desejo dos Líderes

Primeiro, os líderes desejam a obra, e, como vimos, realizam com alegria. Bons pastores querem fazer o trabalho do ministério pastoral por meio da alegria e para a alegria:

Que eles possam fazer isto com alegria” pressupõe que os pastores começam a fazer com alegria; eles estão trabalhando a partir e para a santa alegria em Cristo e seu povo. Sejamos honestos, pastores não entram nessa linha de trabalho pelo dinheiro; o salário é modesto na melhor das hipóteses para a maioria dos pastores. Em vez disso, Deus moveu esses homens, seja ao longo do tempo ou aparentemente em um momento específico, para dar-lhes um desejo incomum de dar mais de si mesmos para o bem da igreja. Eles vieram para a obra com um desejo alimentado e guiado pela alegria para amar e servir a igreja através de um ensino diligente e governo humilde.

Ao contrário de outras vocações, a mera disposição não é suficiente no trabalho pastoral.”

Ao contrário de outras vocações, a mera disposição não é suficiente no trabalho pastoral. Cristo aponta e alimenta um tipo de avidez nos pastores pelo chamado, não apenas para ganhar a vida, mas para se doarem pelo progresso e alegria em fé dos outros, indo além do que podem ser totalmente reconhecidos e remunerados.

2. A Igreja coopera

Hebreus, então, encoraja o povo a deixá-los fazer isso com alegria.  Ou seja, os membros devem tentar não atrapalhar ou inviabilizar essa felicidade, assim transformando a alegria pastoral em gemidos. Congregantes saudáveis não querem interromper a obra feliz com resmungos e queixas desnecessários e pecaminosos.

Note bem. A igreja não é chamada a tornar o trabalho dos pastores alegre, mas a deixá-los trabalhar com alegria. Em outras palavras, “Igreja, os seus pastores trabalham com alegria. Não torne o trabalho deles miserável ou desnecessariamente difícil. Suas misérias podem querer companhia, mas para o seu próprio bem, não procure fazer seus pastores gemerem”. A igreja não é responsável por fazer seus pastores felizes; nem o trabalho da igreja deve deixá-los miseráveis.

Agora, com certeza, há uma palavra aqui para pastores também: irmãos, trabalhem com alegria, não com gemidos, mesmo quando o ministério fica difícil, tanto para sua própria alegria quanto para a da igreja, que é a terceira e última parte.

3. A Igreja Ganha

Finalmente, o trabalho contínuo, resiliente e alegre pelos pastores traz consigo o lucro alegre da congregação. Essa é a razão explícita que Hebreus dá:  “Que eles possam fazer isto com alegria e não gemendo; do contrário, isso não trará proveito nenhum para vocês“. Quando os pastores trabalham com alegria e as pessoas não interrompem desnecessariamente essa alegria, as próprias pessoas se beneficiam. Aqueles que minam a alegria de seus pastores fazem isso para sua própria desvantagem.

E os pastores, que sempre visam a alegria santa e duradoura do seu povo, têm sua própria alegria feita completa ao ver os benefícios e lucro do rebanho. Assim, há no chamado feito pelos apóstolos uma complementaridade entre seus pastores e membros, uma espécie de santa conspiração pela alegria: Os líderes aspiram o trabalho e o fazem alegremente; o povo os deixa fazerem isso com alegria, se esforçando para não dar aos seus pastores motivos para gemer; E então esse trabalho alegre dos pastores sobre a grande alegria traz lucro e benefícios sobre toda a igreja.

Em tudo isso, por que a alegria é tão central para o trabalho do ministério pastoral? Porque Cristo é mais glorificado em seu povo quando eles estão mais satisfeitos n’Ele. A alegria em Cristo no coração tem sua origem e ponto central magnificados, irradiando em expressões audíveis e visuais. Assim, se os pastores querem que Jesus seja glorificado em seu episcopado, então a realidade primordial e central a ser levada em conta é a alegria –  a alegria dos pastores na alegria do povo em Cristo.

Créditos

Tradução: Tayllon Carvalho

Revisão: Francisca Maria

Edição: Fabiana Lima

Colaborador(es): Francisco Alan Gonçalves (Revisão);

Publicado em Inglês no site Desiring God. Traduzido e publicado com autorização da mesma.

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