
Ótimo dia, e bem vindo de volta ao Podcast. Espero que seu dia de Ação de Graças tenha sido ótimo. Terminamos essa semana de celebração no Podcast com um email de um rapaz chamado Payton. Payton escreve isso: “Pastor John Piper, Olá! Obrigado pela série de vídeos “De olho no Livro”. Eu usei ele para preparar uma recente lição que eu ensinei sobre 1Pedro 3:8–22. Depois, eu encontrei sua exegese de 1Pedro 4:15 que me ajudou muito a entender o papel do sofrimento na vida cristã.
Uma das 4 conclusões foi essa: ‘Não priorize o valor do sofrimento acima do valor de fazer bem’. Eu penso que é uma palavra relevante nessa era, quando ser odiado ou cancelado nas redes sociais é uma medalha de honra. Você demonstrou uma poderosa aplicação desse texto sobre o porquê. Mas, estou tendo dificuldade de conectar esse ponto de aplicação ao próprio texto. Você pode explicar sobre o que você quis dizer nessa conclusão e como Pedro está transmitindo essa mensagem aos seus leitores? Além disso, como podemos aplicar isso em nossa caminhada diária enquanto quando lutamos contra o sofrimento injusto? Obrigado!”
Certo, vamos explicar rapidamente o cenário para todos. Aqui está o contexto de 1Pedro 4:13–16:
Pelo contrário, alegrem-se na medida em que são coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vocês se alegrem, exultando. Se são insultados por causa do nome de Cristo, vocês são bem-aventurados, porque o Espírito da glória, que é o Espírito de Deus, repousa sobre vocês. Que nenhum de vocês sofra como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se mete na vida dos outros. Mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe; pelo contrário, glorifique a Deus por causa disso.
Nem todo sofrimento é igual
O que prende minha atenção no texto que Payton é o quão óbvio é que não devemos sofrer como um assassino, ladrão, malfeitor ou alguém que se intromete na vida dos outros. De fato, parece tão obvio que você se questiona, “Porque Pedro sentiu que precisava escrever ‘nenhum de vocês sofra como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se mete na vida dos outros’? Ele certamente não quis dizer, “tudo bem se você for um assassino, ladrão, malfeitor ou intrometido — apenas não seja pego e sofra por isso.” Isso não é o que ele quis dizer.
Então o que Pedro quis dizer? Porque ele apenas não disse, “Não seja assassino, não seja ladrão, não seja malfeitor, não seja intrometido,” ao invés de dizer, “não sofra por isso?” Bem, evidentemente, — por causa do ensino de Pedro da necessidade e valor do sofrimento nesse livro, especialmente em 1Pedro 1, onde o sofrimento atua como fogo, para queimar a escória, lançando as impurezas fora do ouro da nossa fé(1Pedro 1:6–7) — algumas pessoas estavam dizendo que qualquer sofrimento é bom, mesmo que seja por fazer coisas ruins. Que é bom pra você.
Há dois outros textos em 1Pedro que me fazem pensar isso. Eles confirmam que estou no caminho certo quando eu acho que pode ser isso que está acontecendo aqui. Por exemplo, em 1Pedro 2:19–20, ele diz, “Porque isto é agradável a Deus, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente, por motivo de sua consciência para com Deus. Pois que glória há, se, pecando e sendo castigados por isso, vocês o suportam com paciência?” Bom, porque Pedro deveria ter que dizer isso? “Pois que glória há, se, pecando e sendo castigados por isso, vocês o suportam com paciência?” Parece que alguém está dizendo que há algum crédito nisso. Há algum crédito no sofrimento, mesmo se você foi açoitado porque você pecou. E Pedro está dizendo, “O que? Não há créditos nisso.”
Ou aqui está outro texto que caminha na mesma direção. 1Pedro 3:17 diz, “Porque, se for da vontade de Deus, é melhor que vocês sofram por praticarem o bem do que praticando o mal.” Bom, Quão óbvio é isso? Talvez não seja tão óbvio quanto alguém ouvir Pedro dizendo, “É melhor receber injustiça do que dar injustiça”, que é de fato o que ele está dizendo. Isso deve ser um pouco difícil para as pessoas engolirem.
Quatro Lições sobre o Sofrimento
Então, de volta a 1Pedro 4:15, quando eu estava trabalho esse versículo no episódio da série “De olho no Livro” — onde é dito, “Que nenhum de vocês sofra como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se mete na vida dos outros.” — e lá eu tirei 4 lições que Payton está se referindo aqui.
- Não é algo indiferente sofrer fazendo algo bom ou fazendo algo mau. Alguém que diz que sofrer pelo mau é benéfico da mesma forma que sofrer pelo bem não está realmente prestando atenção no ensinamento do apóstolo.
- Não há créditos nem honra que vem do sofrimento pelo pecado
- Sofrer injustiça é melhor que cometer injustiça
- Não priorize a importância do sofrimento acima do valor de fazer o bem
Esse último ponto é o que Payton está perguntando quando ele diz, “Você pode explicar sobre o que você quis dizer nessa conclusão e como Pedro está transmitindo essa mensagem aos seus leitores?” Bom, a maneira como Pedro está transmitindo o pensamento — “Não priorize a importância do sofrimento acima do valor de fazer o bem” — é pelos imperativos que percorrem por toda essa carta: “Faça o Bem”, “Ame”, “Seja Santo” (1Pedro 1:15; 1:22; 2:15; 3:6; 3:11, etc.). Isso é o que devemos buscar. Fazer o bem é o que deve ser buscado. O sofrimento virá, mas esse não é o objetivo. O amor é o objetivo. O sofrimento é o preço do amor, mas não é o alvo do Amor. Portanto, não procure problemas. Não procure sofrer. Não procure ser perseguido. Procure amar a qualquer curso, inclusive com perseguição e sofrimento.
“Não há créditos nem honra que vem do sofrimento pelo pecado”
Faça tanto bem quanto você puder
E então, a última questão de Payton é, “como podemos aplicar isso em nossa caminhada diária enquanto quando lutamos contra o sofrimento injusto?” Bem, a maneira de aplicar isso para a batalha diária contra o sofrimento injusto — na verdade, contra o sofrimento natural como doenças ou calamidade — é que ele direciona nossa atenção para fora, para os outros, não para dentro de nós mesmos. Se disséssemos, “Busque o sofrimento por causa da justiça”, o foco estaria na dor que experimentamos, não na benção que os outros experimentam. O foco estaria na nossa habilidade heroica para suportar o sofrimento, não no caminho humilde de servir os outros. Há uma enorme diferença entre uma cruzada para atrair críticas e uma cruzada para fazer máximo de bem que você puder e entregar a perseguição a Deus — e deixa-lo fazer com ela o que Ele quiser.
Pedro diz, “Pois: “Aquele que quer amar a vida e ter dias felizes refreie a língua do mal e evite que os seus lábios falem palavras enganosas”(1Pedro 3:10). Então, faça o bem. Persiga a Paz. Depois, ele segue com essas palavras. “Ora, quem há de maltratá-los, se vocês forem zelosos na prática do bem? Mas, mesmo que venham a sofrer por causa da justiça, vocês são bem-aventurados. Não tenham medo das ameaças, nem fiquem angustiados;”(1Pedro 3:13–14).
Em outras palavras, faça o bem, e espere uma boa recepção para o seu bem. Mas, se o sofrimento vier, você será abençoado. Há uma grande diferença entre essa abordagem para a vida para a abordagem de que o sofrimento é uma coisa principal, e que é nosso dever busca-lo. Não. O amor é o principal, e então vamos buscar fazer isso.
Créditos
Tradução: Tayllon Carvalho
Revisão: Francisca Maria
Publicado em Inglês no site Desiring God. Traduzido e Publicado com autorização da mesma
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