
“Não tenham medo! Vocês procuram Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ele ressuscitou, não está aqui; vejam o lugar onde o tinham colocado” (Marcos 16:6).
A palavra, nas ruas da cidade Santa naquele domingo, era quase boa demais para ser verdade. Foi tão inesperado, tão estupendo, uma reversão tão dramática da angústia e devastação dos três dias anteriores, que levaria dias para assimilar. Talvez semanas.
De certa forma, seus discípulos levariam o resto de suas vidas para compreender o impacto dessa notícia. Ele ressuscitou. De fato, por toda a eternidade, seu povo ainda ficaria deslumbrado com o amor de Deus mostrado na morte de Cristo, e o poder de Deus que irrompeu em sua ressurreição.
As ovelhas foram dispersas
Ninguém realmente viu essa vinda, exceto o próprio Jesus. Ele disse claramente a seus discípulos que seria morto e depois ressuscitaria (Marcos 8:31; Mateus 17:22–23; Lucas 9:22). Ele havia insinuado isso já na primeira limpeza do templo (João 2:19). Em seu julgamento, alguns testemunharam contra seu favor que Ele havia feito uma afirmação muito estranha (Marcos 14:58; Mateus 26:61; 27:63). Em seguida, haviam suas referências ao “sinal de Jonas” (Mateus 12:39; 16:4) e o rejeitado se tornando a pedra angular (Mateus 21:42).
Mas, por mais que Ele tenha preparado seus discípulos para isso, uma crucificação literal era tão contrária ao paradigma deles que eles não conceberam de maneira significativa em suas mentes e corações. Foi uma “pedra de tropeço e rocha de ofensa” (Isaías 8:14) o tão esperado messias falecer dessa forma. Seus homens abandonaram o mestre em sua hora mais crítica, deixando-o sozinho para carregar o peso do pecado do mundo. E o maior fardo de todos – ser abandonado por seu Pai.
Um dos seus o traiu. O comandante de seus homens havia o negado três vezes. Após sua morte, os discípulos se dispersaram. “Fira o pastor e as ovelhas ficarão dispersas” (Zacarias 13:7). Suas portas estavam trancadas (João 20:19). Dois de seus seguidores até mesmo pegaram a estrada e estavam saindo de Jerusalém (Lucas 24:13).
Quando as mulheres trouxeram as notícias, parecia pura fantasia. “Mas para eles tais palavras pareciam um delírio; eles não acreditaram no que as mulheres diziam” (Lucas 24:11). Estava além da imaginação deles, mas não além de Deus. Poderia tal sonho se tornar realidade? Haveria, afinal, alguma magia profunda que pudesse voltar no tempo? Melhor ainda, haveria um poder magnânimo o suficiente para trazer uma era totalmente nova – a era da ressurreição – e triunfar sobre o inimigo final, a própria morte?
Tomadas de Espanto
O relatório inicial as deixou em choque. Marcos nos diz que as mulheres “fugiram do sepulcro, porque estavam tomadas de temor e assombro. E não contaram nada a ninguém, porque estavam com medo” (Marcos 16:8). O Espanto tomou conta delas. Se as novas tivessem sido menos espetaculares, talvez elas tivessem celebrado da maneira certa. Mas isso foi grande e surpreendente demais para se transformar em alegria imediata. Elas ficaram atordoadas. É isso que a páscoa faz à alma humana quando reconhecemos a realidade de sua mensagem. Percebemos o quão explosivo, cataclísmico e devastador é o fato de Jesus estar vivo.
É uma alegria grande demais para uma gratificação instantânea. Primeiro, há um espanto absoluto. Então vem a mistura de “medo com grande alegria”, e finalmente a liberdade de se alegrar e contar aos outros (Mateus 28:8).
A tristeza se desfaz
Mas, até mesmo em sua paixão? Até mesmo em sua agonia excruciante no Gólgota? Sim, como diz C. S. Lewis, o alvorecer desta era da ressurreição “transformará até mesmo essa agonia em glória”. Agora a Alegria triunfou sobre a tristeza. O dia finalmente tem domínio sobre a noite. A luz derrota e cessa as trevas. Cristo, por sua morte, destruiu aquele que tinha o poder da morte (Hebreus 2:14). A morte foi destruída pela vitória (1Coríntios 15:54).
A Páscoa agora se tornou nosso ensaio geral anual para o grande dia vindouro. Quando nossos corpos corruptíveis se revestirem de incorruptibilidade. Quando o que é mortal se revestir de imortalidade. Quando nos juntaremos à canção de triunfo com os profetas e apóstolos,
“Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” (Oséias 13:14; 1 Coríntios 15:55)
Assim como relembrar os detalhes dos dias finais de Jesus que antecederam a cruz nos prepara para a provação ardente que nos espera, também a Páscoa nos apronta para o triunfo que a seguirá. A Páscoa é o nosso antegozo da glória divina.
Cristo ressuscitou. O dia não está mais escurecendo, mas a noite está despertando para a luz. A escuridão não está sufocando o sol, mas a luz está afugentando as sombras. O pecado não está vencendo, mas a morte é destruída pela vitória.
Mais que vencedores
De fato, até a agonia se transformará em glória, mas a Páscoa não suprime nossa dor. Isso não minimiza a nossa perda. Isso significa que nossos fardos permanecem como estão, em todo o seu peso, com todas as suas dificuldades. E este Cristo ressuscitado, com o brilho da vida indestrutível em seus olhos, diz: “Também isso reivindicarei a vitória. Também isso servirá à sua alegria. Também isso, até mesmo essas coisas, eu posso transformar em uma oportunidade para regozijo. Eu venci, e você será mais que vencedor”.
A Páscoa não é uma ocasião para reprimir o que te aflige e colocar um rosto feliz. Em vez disso, a alegria da Páscoa fala ternamente às dores que atormentam você. Qualquer que seja a perda que você lamente, qualquer que seja o fardo que o sobrecarregue, a Páscoa diz: “Não será sempre assim para você. A nova era começou. Jesus ressuscitou e o reino do Messias está aqui. Ele venceu a morte, o pecado e o inferno. Ele está vivo e no seu trono. E Ele está colocando os seus inimigos, todos os seus inimigos, debaixo de seus pés”.
“A alegria da Páscoa fala ternamente às dores que atormentam você.”
Ele não apenas mudará o que há de errado em sua vida, trará ordem gloriosa à bagunça e vencerá seu inimigo, como fará com que sua dor, sua perda e seu fardo, através da magia profunda da ressurreição, será um ingrediente real na sua alegria eterna. Você não apenas vencerá isso em breve, mas você será mais que vencedor (Romanos 8:37).
Quando Ele enxugar cada lágrima, nossos rostos reluzirão mais intensamente do que se nunca tivessem chorado. Tal poder é grande demais para simplesmente nos devolver ao Jardim. Ele nos conduzirá a uma cidade-jardim, à Nova Jerusalém. A Páscoa anuncia, na voz do Cristo ressuscitado, “a tristeza de vocês se transformará em alegria” (João 16:20) e “ninguém poderá tirar essa alegria de vocês” (João 16:22).
A Páscoa diz que Aquele que venceu a morte agora a fez serva da nossa alegria.
Créditos
Tradução: Tayllon Carvalho
Revisão: Kéren Hapulque e Francisco Alan
Publicado em Inglês no site Desiring God. Traduzido e publicado com autorização da mesma.
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Para mais artigos do autor, acesse: David Mathis