
Eu cresci cantando sobre a Glória de Deus. As vezes me pergunto o que passou pela minha cabeça e coração, se é que passou alguma coisa, quando pronunciei essas palavras.
Na igreja, nós cantávamos os acordes melhores com prazer: “A Deus seja a glória, grandes coisas ele tem feito”. E eu me lembro do mais fervoroso, “Pai, nós te amamos, te adoramos e nos deleitamos em ti. Seja seu nome glorificado sobre toda a terra.”
Essa é a herança indescritivelmente preciosa, ainda que desafiadora, de ser criado em um lar cristão e uma igreja fiel — um presente que eu não trocaria por nada. Muitos dos maiores presentes de Deus neste presente século vem com perigos. Um perigo em cantar (literalmente) tais glórias desde uma tenra idade é que frases inestimáveis como “A glória de Deus” podem ser conversas de igreja vazias e meramente religiosas em uma mente imatura de um conteúdo que levou outros, em gerações antes de nós, a tomar para si tal linguagem com deleite e prazer.
Eu tinha quase 20 anos de idade quando Deus abriu meus olhos (de uma nova forma, se não completamente) para o significado de sua glória: sua centralidade em sua criação e a providência em toda a escritura, o privilégio e a alegria que é, em Cristo, diariamente consagrar a minha própria vida humana para a glória do seu nome.
Quando você ora
Lucas 11:1 nos diz que, depois de observar Jesus orando, um dos discípulos diz a ele, “Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou aos seus discípulos”. Bom, não deixe que o peso desse momento se perca em você. Os discípulos têm visto e ouvido ele orar. Eles têm observado sua vida, sua normalidade manifesta como humano, e, ainda assim, sua santidade impressionante que quase parece de outro mundo. O pedido para ser ensinado por Jesus em “Como Orar?” deve ter soado aos discípulos como um golpe de gênio.
– Sim! Porque não perguntamos antes?! O que ele vai dizer?
Talvez alguns, percebendo seu padrão de responder questões de maneira surpreendente, se prepararam para algum ângulo inesperado — e então, eles se encontraram surpresos novamente que dessa vez ele respondeu de forma tão direta e imediatamente.
Quão emocionados eles devem ter ficado quando ele abriu sua boca, sem demora, enrolação ou isenção de responsabilidade e simplesmente começou a responder: “Quando vocês orarem, digam…”(Lucas 11:2)
Mateus 6 relata outro momento quando Jesus citou essa mesma oração essencial, mas agora no contexto do seu famoso sermão do monte. Aqui também sua introdução tem a mesma maravilhosa e imediata franqueza: “Portanto, orem assim…” (Mateus 6:9).
Primeira Petição Essencial
Antes de fazer qualquer pedido ou súplica, Jesus primeiro os surpreende com seu discurso: “Pai nosso que estás nos céus”. Ele está realmente modelando a oração para nós, não dizendo “meu Pai”, mas “nosso Pai”.
E ao fazer isso, ele reúne duas realidades aparentemente opostas: a proximidade e a ternura de Deus como Pai ao lado da majestade e do poder de um Pai que está nos céus. Ele pode ver aqui uma antecipação de seis questões que vão vir (Mateus 6:9–13) — no céu, o esplendor dos primeiros 3 versos (versos 9–10), e no pai, a misericórdia dos 3 versos finais (verso 11–13). Um tipo estrutura três-e-três(Duas porções de 3 tópicos) segue o discurso impressionante de Jesus.
Ainda assim, como John Piper observou, “Há algo único na primeira petição”. Não há somente uma genuína três-a-três mas também um-a-cinco.
O que Jesus pediu primeiro?
De novo, imagine esse momento inestimável com os discípulos, ou durante o sermão do monte, com seus seguidores ao lado. O que Jesus vai orar primeiro? Exatamente, sua oração modelo. Nela, é como ele mesmo ora, e como ele diz que nós devemos devemos orar quando nós pedimos que ele nos ensine a orar. De tudo que Jesus poderia orar primeiro, não em qualquer pedido de oração mas na oração modelo para aprendermos e imitarmos, o que ele orou?
Santificado seja o seu nome
Para melhorar o entendimento, vou tirar a palavra santificado e colocando no lugar uma palavra mais atual, “Pai, seja seu nome santo”. É uma frase construída de forma estranha, apesar de mais típica no grego do que no português. Um imperativo de 3ª pessoa com voz passiva.
Ou seja, em vez de dizer: “Pai, faça seu nome Santo,” Jesus diz, “Pai, seu nome seja feito Santo”. É um pedido para que Deus atente para que os outros ajam para o interesse do nome de Deus.
Então, a primeira petição inclui 2 atos: Não apenas o explícito (o próprio Deus), mas também os implícitos (os incontáveis humanos que vão “santificá-lo” ou “fazê-lo santo” em suas mentes, corações, bocas e vidas).
Seu Santo nome
O que, então, significa a palavra Santo? Como nós pensamos sobre isso, e como se relaciona com a glória de Deus?
Santidade é frequentemente resumida como separação ou distinção de Deus. Ele é separado da sua criação e pessoas, longe do pecado e de tudo quanto tem o pecado em vista. Sendo Deus, ele não é comum ao nosso mundo e raça, mas é santo. Ele não é apenas distinto e diferente, mas outro — como criador, da sua criação e criaturas, e outro, como Deus, dos pecadores. De certo modo, santo é um adjetivo para essa distinção única e separação singular de Deus, o criador, em relação a tudo que Ele fez.
Mas cuidado, santidade não é mera separação da criação, criaturas e pecado. Santo implica outro e melhor. Deus não é apenas diferente de nós, mas nós o adoramos por isso. Ele é distinto e maravilhoso.
“Santo não significa apenas ‘separado’, mas também ‘melhor’. Nosso Deus não é apenas diferente de nós, mas nós o adoramos por isso.
A maneira que essa santidade, então, se relaciona com a sua glória, é que essa santidade representa quem ele é sendo separado e melhor que nós, e sua glória é feita conhecida através desse seu valor intrínseco e mérito infinito. Isso significa que, ao orarmos, como Jesus mandou, para que o nome de Deus seja feito santo, é para orarmos , em essência, para que ele seja glorificado. “Pai, que você seja glorificado! Que seu nome seja feito santo! Que você seja visto, apreciado e louvado, em meus próprios olhos e nos olhos de todas as nações, para sua divina alteridade e infinita superioridade”.
Como assim Seja Feito Santo?
Essa petição não é somente a primeira a sair da boca de Jesus, em sua oração modelo, e portanto assume um tipo de prioridade e importância, mas é também é distinto em um sentido importante. Piper continua,
Nessa petição, nós ouvimos uma específica e subjetiva resposta do coração humano que Deus espera que demos — a santificação, reverência, honra, estima, admiração, valor e apreço do nome de Deus sob todas as coisas. Nenhuma das outras cinco questões nos chama para orar por uma resposta específica do coração humano.
A oração de Jesus, e a nossa, que o nome de nosso pai que está nos céus seja santificado não se refere principalmente a sua glória nos maiores céus, ou às vistas nas montanhas e mais profundos oceanos, em plantas ou animais. Em vez disso, a referência principal é a humanos — pensando, sentindo e tendo vontades humanas. Que seu nome seja feito santo e glorificado em mentes humanas, corações, bocas e vidas, começando com aquele que está orando, e se estendendo por toda a terra, através de montanhas e oceanos, para todos que habitam debaixo do céu.
Então, essa primeira petição é tanto para a glória do Pai como para sermos instrumentos de sua glória — que nosso Pai que está no céu seja feito Santo primeiro em nossos pensamentos e sentimentos sobre ele. Que nós o conheçamos verdadeiramente e o apreciemos corretamente. Que Ele seja honrado como Santo em nossas percepções mentais da verdade e em nossa recepção emocional de sua beleza e mérito. que nós o estimemos, nos deleitemos n’Ele, valorizemos Ele, Tratemos com devida honra, o adoremos e exaltemos o seu nome.
Que nunca Envelheça
Uma maneira para manter nossas orações diárias frescas e reais, e santificarmos em especial o nome divino ao “Orarmos isso Primeiro” como Jesus é aproveitarmos da grande largura e profundidade da linguagem bíblica e moderna à nossa disposição tanto para a glória e o valor objetivo de Deus como para nossa própria resposta subjetiva de honra a Ele.
Então, nós colocamos em serviço uma amplitude de linguagem para a sua glória: sua honra, seu louvor, seu nome, sua fama, majestade, esplendor, domínio, poder, força e beleza. Nos esforçamos buscando palavras e conceitos, do Gênesis aos Salmos, Evangelhos e até ao Apocalipse e em nossa própria experiência do mundo criado por Deus e da graça redentora. Sua glória — o esplendor brilhante de sua santidade transbordante — é muito mais preciosa do que nossa repetição da palavra glória pode adequadamente explicar.
Sua glória é muito mais preciosa do que nossa repetição da palavra glória pode adequadamente explicar.
Assim também, buscando a honra d’Ele, colocamos a serviço uma linguagem profunda para nossa alegria n’Ele: nós o adoramos, maravilhamos, deleitamos, apreciamos, valorizamos, estimamos, reverenciamos, exaltamos e até mesmo santificamos seu nome.
E como nossos corações se alinham com esse apelo — a santificação do nome de Deus, que Jesus disse para orar primeiro — o descanso de nossas orações (tanto para bens espirituais e materiais) começam a estar no seu devido lugar e proporção. Deus vai realmente fazer com que seu nome seja feito santo, que Ele e seu filho sejam glorificados, e que comece em nós, enquanto oramos.
Créditos
Tradução: Tayllon Carvalho
Revisão: Francisca Maria
Publicado em Inglês no site Desiring God. Traduzido e Publicado com autorização da mesma.
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